O poder soviético é o primeiro a criar as condições nas quais a mulher poderá ter a sua plena emancipação.

Ao longo dos séculos ela foi uma escrava. No início, quando reinava a pequena produção, ela o era dentro da família, em seguida, com o advento do capitalismo, ela é explorada três vezes mais: dentro do Estado, dentro das fábricas e na família. Ela é escravizada não apenas no regime czarista, bárbaro e atrasado, mas também ainda nas “democracias” mais “civilizadas” da Europa Ocidental e da América.

Sob o regime burguês, a operária é privada dos menores direitos políticos que o operário possui. Na fábrica, na Usina, ela é ainda mais oprimida, ainda mais explorada que o operário, pois o patrão utiliza o seu poder para oprimi-la não apenas como proletária, mas também para lhe infligir todos os tipos de ultrajes e violências enquanto mulher. Em nenhum lugar, em nenhum momento, a prostituição, esse fenómeno horroroso, o mais hediondo da escravidão assalariada proletária floresceu tão ricamente como no domínio capitalista.

As operárias e as camponesas são escravas da família não somente porque sobre elas pesam o poder do marido, mas também porque a fábrica, que arranca as operárias do ambiente familiar, não lhes deixa tempo para os cuidados maternos e da economia doméstica, transformando assim a maternidade numa cruz pesada, insuportável.

Enquanto existir poder burguês, a operária e a camponesa não poderão se emancipar dessa tripla servidão, que é a base sobre a qual se assenta o regime burguês e sem a qual não pode existir. O poder soviético, o poder do proletariado, abre largamente as portas à frente da mulher e lhe dá a possibilidade absoluta de se emancipar.

Inessa Armand: A Operária na Rússia Soviética, 8 de julho de 1920, https://www.marxists.org/portugues/armand/1920/07/08.htm