LUTA EDP – FACTOS

Ao mesmo tempo que os trabalhadores da EDP acusam a administração de não querer negociar aumentos e fazem uma vigília em forma de luta para a pressionar, esta, a administração da EDP, decide a maneira de distribuir entre si e os seus acionistas uma parte dos 952 milhões de lucros registados no ano passado (2023) e aumenta em 17% o salário do seu CEO, Miguel Stilwell, cujo salário anual, em 2023, era de 970,2 mil euros.

É a exploração da força de trabalho dos trabalhadores da EDP, são os preços cada vez mais elevados da fatura da eletricidade e do gás, bens estratégicos essenciais, que todos temos de pagar, o que gera estes lucros escandalosos..Assim, a luta dos trabalhadores da EDP deve radicalizar-se na mesma medida em que se radicaliza a ofensiva capitalista. A luta dos trabalhadores da EDP não deve reduzir-se à reivindicação de mais migalhas do banquete capitalista.

…“As concessões «económicas» (ou pseudoconcessões) são, entende-se, os meios mais baratos e mais vantajosos para o governo, porque espera ganhar com eles a confiança das massas operárias”… (Que Fazer?, Vladimir Ilitch Lénine, III. Política Trade-Unionista e Política Social-Democrata, a) A agitação política e a sua restrição pelos economistas)

Seria muito importante que luta dos trabalhadores da EDP tivesse na sua base, para além de uma reivindicação económica de melhores salários, a exigência política de nacionalização da EDP com uma gestão de preços e salários controlada pelos trabalhadores. Era importante que esta exigência se generalizasse e fosse abraçada por todos os trabalhadores em luta nos seus setores específicos. Deste modo, não só a luta dos trabalhadores da EDP se alargaria a outros setores, como os trabalhadores compreenderiam que uma única reivindicação e luta os une: o combate ao capitalismo. Em cada setor se luta por reivindicações específicas e tende-se a acreditar que os trabalhadores só serão mobilizados para a luta se houver uma reivindicação económica concreta (de aumento de salário, diminuição de horas de trabalho, aumento do pagamento de horas extraordinárias, etc.. ).

Fazer acreditar que a satisfação de reivindicações específicas, ainda que justas, na distribuição consentida pelo capital no seu setor é uma grande vitória, reduzir a luta a estas reivindicações setoriais, mesmo que os trabalhadores da empresa ao lado continuem com ordenados de miséria sem terem conseguido ver satisfeitas as suas reivindicações, ou a continuação da precariedade abusiva dos trabalhadores de call center ou os sem-abrigo que enchem as ruas e os trabalhadores que vivem nos seus carros por já não poderem pagar a casa e a luz e o gás, (etc., etc., etc,), é contribuir para a despolitização das massas e fraturar sem remédio a luta.

…“E não é nos livros que se pode obter esta «ideia clara»: só a podem dar quadros vivos, denúncias em cima dos acontecimentos, de tudo o que sucede num dado momento à nossa volta, do que todos e cada um falam ou, pelo menos, murmuram, à sua maneira, do que se manifesta em determinados acontecimentos, números, sentenças judiciais, etc., etc., etc. Estas denúncias políticas que abarcam todos os aspetos da vida são uma condição indispensável e fundamental para educar a atividade revolucionária das massas.”… (Que Fazer?, Vladimir Ilitch Lénine, III. Política Trade-Unionista e Política Social-Democrata, c) As denúncias políticas e a «educação da atividade revolucionária»)

…“Numa palavra, subordina, como a parte ao todo, a luta pelas reformas à luta revolucionária pela liberdade e o socialismo”… (Que Fazer?, Vladimir Ilitch Lénine, III. Política Trade-Unionista e Política Social-Democrata, a) A agitação política e a sua restrição pelos economistas).