Álvaro Cunhal rejeita alianças com o PS

07 DE MARÇO DE 2001

O líder histórico do PCP, Álvaro Cunhal, rejeitou esta terça-feira, que o partido possa vir ser uma «peça de suporte do PS». Cunhal acusou os socialistas de se distinguirem do PSD apenas na «forma mais subtil de mentir». Álvaro Cunhal falava numa entrevista à RTP transmitida esta noite. O líder histórico do Partido Comunista frisou que «o PCP não quer ser, nem será, uma peça de suporte do PS», partido que acusou de não se distinguir «no essencial do PSD».

Cunhal lamentou a «perversão e degradação atual da democracia política», criticando a lei eleitoral para as autarquias e a lei dos partidos. Ao comentar o percurso dos partidos congéneres da Europa, Álvaro Cunhal lembrou que «foi pela mão dos seus dirigentes que alguns partidos comunistas caíram e se tornaram apêndices do Partido Socialista». Comparando o PCP com os seus congéneres europeus, Cunhal disse: «não é o maior da Europa, mas também não vejo melhor». O ex-secretário-geral do PCP sublinhou que o partido «está muito bem acompanhado», aproveitando para lembrar as conclusões do XVI congresso, que reafirmaram o marxismo-leninismo como base programática, e as decisões ulteriores do Comité Central.

Rejeitando ser um mito na história do PCP, Cunhal frisou que a sua contribuição «foi sempre inserida no coletivo do partido». Recordando que «o PCP teve muitos outros militantes de grande mérito», Cunhal evocou os nomes dos primeiros dirigentes: Bento Gonçalves e Alfredo Dinis. Sobre os militantes que defenderam a renovação do partido, acabando por se afastar, Cunhal preferiu não apontar o dedo a ninguém. O líder histórico optou por referir-se à «atitude suja» de «uma pessoa que em certo momento diz defender o ideal dos comunistas e que depois se torna defensor do contrário, da entrega de Portugal ao estrangeiro, ao grande capital, e às instâncias supranacionais».

Comentando a sua passagem pela atividade partidária, Cunhal admitiu que «houve muitas coisas que correram mal», mas não as quis enumerar, por não estar a fazer a história do PCP. Para o líder histórico dos comunistas, a «criação de uma sociedade nova, socialista» é possível hoje como era há 80 anos, quando foi criado o PCP

Fonte: https://onedrive.live.com/view.aspx?resid=3B0FD925B337AF4C!221&ithint=file%2cdocx&app=Word&authkey=!ADqiQI_j7GVzBLI