Cumpre-se, a 21 de janeiro, o 101º aniversário da morte de Lenine. Porém, para fatalidade da burguesia, as suas ideias estão mais vivas e são mais atuais do que nunca. Ele continuará vivo na história, e é em Lenine que o proletariado deve colher os ensinamentos para toda e qualquer revolução socialista até à consumação da revolução mundial, seja em que século for.
O marxismo-leninismo postulou que a última forma de produção baseada na sociedade dividida em classes era o capitalismo e que este seria inelutavelmente seguido pelo socialismo e o comunismo em que a propriedade dos meios de produção teria um caráter social, resolvendo a contradição que existe entre a natureza social do trabalho e a propriedade privada dos meios de produção. Essa contradição é aquela que existe sob o capitalismo, impedindo o desenvolvimento das forças produtivas e negando aos explorados a possibilidade de satisfazerem as suas necessidades. De um lado estão hoje monopólios globais, fortunas colossais inimagináveis e do outro a miséria, a fome, a guerra que destroem as sociedades, impedindo os seres humanos de usufruir das condições que definem a sua própria humanidade.
Lenine estudou e definiu o imperialismo como a antecâmara do socialismo.
Lenine estudou o marxismo, assumiu as suas teses e com base nelas desenvolveu o socialismo científico até a consumação da revolução russa. Lenine conduziu o povo russo até à tomada do poder pelos trabalhadores e pelas suas organizações de massas, os sovietes.
Contra todas as teorizações contrárias, Lenine demonstrou teórica e politicamente que era possível a revolução num só país. No meio da 1ª guerra mundial, Lenine exortou o proletariado europeu a virar as armas, não contra os soldados que diziam ser os seus inimigos, mas contra a burguesia dos seus países, incitando-os a tomar o poder, única forma de tornar a paz realmente possível.
Como estamos hoje a verificar, não haverá jamais paz enquanto o capitalismo na sua fase imperialista existir, enquanto os grandes monopólios que caracterizam a fase atual do capitalismo, se dilacerarem em guerras entre si por fontes de matérias-primas, mercados, rotas de energia e comércio, zonas de influência económicas e geoestratégicas. Mas não são os oligarcas que morrem nos campos de batalha: são os filhos do povo defendendo causas que não são as suas, mas as dos capitalistas.
Lenine mostrou, contudo, que o socialismo não surgiria automaticamente a partir do simples funcionamento das leis económicas do capitalismo, que era necessária a intervenção histórica dos explorados para derrubar a ordem capitalista e instituir a ordem socialista, tomando o poder e exercendo a sua ditadura, a ditadura do proletariado, a democracia mais perfeita que jamais existiu, porque assente verdadeiramente na vontade da maioria, que são os produtores. Mas foi Lenine e o Partido bolchevique que demonstraram que a sociedade socialista é possível e mostraram as suas grandes conquistas, a sua superioridade em relação ao capitalismo.
A Lenine devemos a ideia da necessidade do partido de classe como instrumento do proletariado para a luta pelo fim da exploração. Só tal partido é portador da ciência capaz de alcançar esse objetivo – o marxismo-leninismo, tal como dizemos hoje. Esse nome, que ao nome de Marx acrescenta o nome de Lenine, é a única ciência, quando nas mãos do proletariado, capaz de acabar com a sociedade classista. Devemos a Lenine a teorização do partido da classe operária e dos princípios do seu funcionamento – o centralismo democrático. É o partido que dirige a classe em direção à tomada do poder. Sem tal partido que, a partir da luta concreta, eleva a consciência do proletariado para passar da simples luta económica à luta política pelo poder, não será possível fazer a revolução socialista e o proletariado não pode cumprir o seu papel histórico de coveiro do capitalismo.
Lenine e a Revolução de Outubro também demonstraram que o partido de classe tem de se depurar constantemente dos elementos da ideologia burguesa e pequeno-burguesa que constantemente penetram dentro dele, sinalizando que, na época do imperialismo, o oportunismo é o pior inimigo da luta pelo socialismo.
O partido bolchevique, dirigido por Lenine, cumpriu essa missão na Rússia e o socialismo manteve-se naquele território gigantesco por cerca de 70 anos. A URSS derrotou o nazismo e mostrou aos povos a superioridade do socialismo. Na sequência dessa vitória, os trabalhadores conseguiram impor às respetivas burguesias por toda a Europa direitos importantíssimos, direitos esses que ainda hoje a burguesia está a tentar, e muitas vezes a conseguir roubar, como o direito à saúde, à educação, à habitação, a liberdade de organização em sindicatos, etc.
Em países europeus, comunistas são perseguidos, presos, e até assassinados.
A persistente luta do capitalismo contra o socialismo, em conjunto com a violação de princípios fundamentais do socialismo, como a introdução de leis económicas capitalistas na economia do socialismo, com a degenerescência política oportunista do PCUS que se acentuou muitíssimo a partir do XX Congresso com Khrouschov e, por fim, a traição de Gorbatchov, levou à derrota do sistema socialista e foi responsável por uma derrota histórica do proletariado mundial como hoje podemos ver com os avanços contrarrevolucionários do capitalismo em todo o mundo.
A questão mais importante é que o capitalismo não é o fim da história e, apesar da derrota temporária da classe trabalhadora, ficou demonstrado que nada há além do capitalismo a não ser o socialismo. Não é uma utopia nem uma fé, é uma demonstração histórica objetiva. Mas outro facto comprovado pela história é que o socialismo não é irreversível e essa foi a dura lição que a história deu aos proletários do presente.
É o socialismo que se perfila no horizonte dos povos e da humanidade. É em Lenine e em Marx e Engels que temos de ir beber os fundamentos da ciência do socialismo e adquirir os conhecimentos necessários para os aplicar nas circunstâncias atuais.