A sincera dedicação ao leninismo, as convicções ideológicas comunistas eram consideradas descaradamente por esses cientistas, passe-se o termo, como «distúrbios psicológicos». Qualquer «noviço» que caísse no seu meio era logo trabalhado no espírito de que, nas tribunas oficiais, era preciso dizer as palavras «certas», mas na atividade científica, em si, não se podia levar a sério as «bagatelas marxistas». Esta gente tinha cargos de conselheiro no CC do PCUS, na área do desenvolvimento das relações internacionais com o proletariado.
Naturalmente que, em semelhante situação, era necessário antes de mais responder a si próprio à pergunta: mas quem sou eu? Sou verdadeiramente uma cientista marxista ou uma neófita perturbada desta comunidade de lobisomens cínicos da ideologia? Confirmei sem particulares hesitações (para mim própria e para os meus «colegas» de então, evidentemente) a minha opção de vida. E aqui terminou (no início de 1970) a minha carreira científica oficial. Começou o período de quase duas décadas de «dissidência ao contrário» – a «dissidência» de uma marxista e comunista convicta, num país onde os juramentos de fidelidade ao marxismo e ao comunismo estavam inscritos em cada cruzamento das cidades, com letras de um metro de altura.
Tatiana Khabarova – em «Para trás de nós não ficou apenas o PCUS» – http://www.hist-socialismo.com/docs/Khabarova_Causas_Derrota.pdf