Drª Mimi Syed

“Devemos manter-nos unidos e exigir que o nosso governo defenda os valores da liberdade de expressão, dos direitos humanos e da justiça.
Como médica de urgência que já testemunhou por duas vezes o inferno de Gaza, vi horrores indescritíveis. Acondicionei corpos sem vida de crianças, com os seus pequenos cérebros a escorrer pelas minhas mãos, mais vezes do que alguma vez pensei ser possível.
Amputei membros com tesouras de trauma, com os gritos dos feridos a ecoar na minha cabeça. Lutámos para salvar quem pudemos, oferecendo misericórdia a quem já não conseguíamos ajudar. As atrocidades deliberadas e calculadas do governo israelita criaram este pesadelo. Assisti à punição coletiva e a crimes de guerra cometidos com total impunidade.
Com a nova administração dos EUA, estas atrocidades deixaram de estar escondidas. A promessa arrepiante de Netanyahu de “abrir os portões do inferno” sobre Gaza e bloquear toda a entrada de alimentos foi cumprida.
Milhares de crianças ficaram órfãs, mais de 17.000 jovens perderam a vida — e esses são apenas os casos de que temos conhecimento. Dezenas de milhares de crianças ficaram mutiladas, com membros arrancados pelos bombardeamentos israelitas.
Como é possível testemunhar atos tão violentos e deliberados e permanecer em silêncio? Como médica, humanitária e mãe, não posso regressar a casa e ficar calada — que se lixe o medo de represálias.
Usarei toda a força que tiver para falar, expor a verdade e travar estes crimes contra a humanidade. “A fome em massa e o ataque a crianças são crimes” — esta afirmação deve manter-se por si só e não pode ser confundida com religião ou política.
Os Estados Unidos, outrora um farol da liberdade de expressão, tornaram-se num Estado moderno de repressão ao estilo de McCarthy. A repressão política e a perseguição a quem ousa discordar tornaram-se norma.
(NT) excerto de https://www.palestinechronicle.com/silencing-dissent-the-new-mccarthyism-cannot-prevail/?utm_source=emailoctopus&utm_medium=email&utm_cam
Foto: https://horadopovo.com.br/unicef-em-dois-meses-israel-feriu-1-000-criancas-palestinas/