O FALSO PODERIO DE “ISRAEL” 

Sayid Marcos Tenório

A máquina de propaganda sionista não pára de criar slogans para tentar enganar o mundo sobre o suposto poderio militar e moral das suas forças armadas. Já inventaram que as Forças de Defesa de Israel (IDF, da sigla em inglês) são as “mais morais do mundo”, “o exército mais bem treinado do mundo” e “uma fera de aço invencível”. 

No entanto, as ações terroristas israelenses com a utilização de equipamentos eletrônicos contra civis libaneses, que provocaram mais de 37 mártires e 4 mil feridos, se somam aos reiterados crimes contra a humanidade praticados em Gaza e na Cisjordânia ocupada.

Dia após dia, o “exército mais bem treinado do mundo” vem sofrendo retumbantes fracassos da sua máquina militar em Gaza e na frente Norte, na qual a resistência palestina e o Hezbollah libanês vêm impondo seguidas derrotas a “Israel” e promovendo o esgotamento dos planos operacionais baseados na força militar excessiva, destruição da infraestrutura e dezenas de milhares de mortes e feridos.

Os acontecimentos da madruga do domingo (22), nos quais a resistência libanesa disparou centenas de mísseis pesados e certeiros contra a base militar e o aeroporto Ramat David, uma das mais importantes da Força Aérea israelense, em retaliação aos ataques aéreos que mataram muitos civis no sul do Líbano, tornou-se num alerta de que não se deixará intimidar pelos crimes e o terrorismo contra civis libaneses.

Os poderosos ataques da resistência libanesa, com a utilização de mísseis Fadi-1 e Fadi-2, com os mísseis de longo alcance Khaybar M220 e 302, dirigidos contra o complexo industrial militar da empresa Rafael, especializada em sistemas e equipamentos eletrônicos, e a outros alvos militares estratégicos de “Israel”, demonstram o elevado grau de planejamento nos ataques do Hezbollah.

As ações do Hezbollah no Norte da Palestina ocupada com elevada flexibilidade operacional e com constante ritmo de combate, iniciadas com o objetivo para distrair as forças do inimigo e pressioná-lo a parar a agressão sionista na Faixa de Gaza, têm evidenciado a incapacidade de “Israel” responder à altura, nem ao Hamas nem ao Hezbollah, ao ponto do ex-vice-chefe do Conselho de Segurança sionista durante a guerra de 2006, Haim Tomer, declarar que dificilmente “Israel” vença uma guerra contra o Líbano, “nem rapidamente, nem nunca”.

Enquanto a resistência libanesa possui capacidades para defender o Líbano de forma independente, com seus milhares de mísseis de precisão que podem destruir em segundos alvos estratégicos em qualquer ponto de “Israel”, os sionistas não dispõem no seu arsenal das armas necessárias para uma guerra com o Hezbollah, que depende da remessa de armas pelos Estados Unidos, restando valer-se do terrorismo de estado que exercem desde sempre.

O regime sionista parece não ter aprendido nem tirado lições dos fracassos de 7 de outubro, tampouco resolvido os problemas dentro das tropas, com o declínio alarmante de um exército exausto e com baixa taxa de alistamento, falta de disciplina, perspectiva ou estratégia política, além do isolamento internacional de “Israel”, que é rejeitado e expulso de todos os fóruns e partes do mundo.

“Israel” sabe que uma aventura massiva contra o Líbano poderá significar o seu fim. Vários meios de comunicação israelenses fizeram críticas ao exército sionista pelo prolongamento da guerra em Gaza e pela sua incapacidade de enfrentar o Hezbollah no Norte, os mísseis do Iêmen e do Iraque e o aumento dos ataques a partir da Cisjordânia.

Os chefes sionistas sabem que não há esperança de vitória absoluta em Gaza. E que a situação está se tornando pior no Norte, na qual o exército israelense perde continuamente sua capacidade militar com a destruição de dispositivos de vigilância e espionagem, e inúmeras baterias do sistema antimíssil Iron Dome, instalados nas numerosas bases militares ao longo da extensa fronteira com o Líbano.

Está em gestação uma série de perigos para a continuidade da ocupação sionista. Uma aventura de “Israel” em solo libanês custaria um enorme preço em perdas humanas e econômicas, levando ao colapso da economia sionista se o Hezbollah atacar as instalações industriais, especialmente as empresas tecnológicas, que geram bilhões de dólares anualmente.

Um ataque ao Líbano causará um desastre para a existência de “Israel”, que já se mostrou incapaz de travar uma guerra em grande escala contra um inimigo mais formidável que o Hamas, e com combatentes muçulmanos e cristãos dispostos ao sacrifício da própria vida por uma causa baseada na justiça e na luta contra a opressão.

Sayid Marcos Tenório é historiador, especialista em Relações Internacionais e vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal). Autor do livro Palestina: do mito da terra prometida à terra da resistência (Anita Garibaldi/Ibraspal).

Foto: https://obardodescamisado.fala.gal/palestina-vencera/