O tempo de tomar posição contra Israel já passou

PV – 25 de julho de 2025, no Canadá, Mundo
Por Dave McKee

Então, o Canadá assinou mais uma declaração conjunta a apelar a Israel para pôr fim à guerra em Gaza.

“O sofrimento dos civis em Gaza atingiu novas profundezas.” “A recusa do Governo israelita em fornecer assistência humanitária essencial à população civil é inaceitável.” “As deslocações forçadas e permanentes constituem violações do direito internacional.”

Tudo verdade, sem dúvida. Ao ler estas citações nas notícias, até se poderia pensar que o governo fez realmente alguma coisa. Mas, na realidade, Ottawa e os seus co-signatários, na sua maioria europeus, disseram muito pouco e comprometeram-se ainda menos.

Emitida 21 meses – quase dois anos – após o início da campanha genocida de Israel, que já matou 60.000 palestinianos, feriu 140.000, deslocou à força 2 milhões e colocou 600.000 à beira da fome sistémica, a declaração conjunta é notável pelo que não diz.

Nada sobre a duração dos ataques israelitas. Nenhuma menção ao número total de mortos ou deslocados. Zero referência às forças de ocupação israelitas. Nem uma única vez é usada a palavra genocídio.

Além disso, em vez de ações concretas em nome do povo palestiniano, por quem (finalmente) demonstram alguma preocupação, os signatários limitam-se a proferir uma ameaça fraca: “Estamos preparados para tomar medidas adicionais para apoiar um cessar-fogo imediato e um caminho político para a segurança e paz de israelitas, palestinianos e toda a região.”

Não falam em sanções nem em embargos de armas. Evitam cuidadosamente qualquer referência ao apoio ao apelo do Tribunal Internacional de Justiça para que os Estados reconheçam a ilegalidade da presença de Israel e não apoiem a ocupação. Nem sequer mencionam a possibilidade de considerar a expulsão de diplomatas israelitas.

Quando se trata da Ucrânia, os políticos em Ottawa atropelam-se para serem os primeiros a condenar o (comprovadamente falso) Holodomor. Depois, apressam-se a condenar a China pelo (igualmente desmentido) genocídio dos Uigures em Xinjiang.

Mas perante um genocídio real, que dura há quase dois anos e que foi reconhecido pelo Tribunal Internacional de Justiça, o melhor que o governo canadiano consegue fazer é ameaçar com a possibilidade de vir a tomar medidas adicionais.

Outros países e povos tomaram uma abordagem diferente, mais ética. A África do Sul deu início ao processo no TIJ que considerou que as ações de Israel em Gaza constituíam genocídio. O presidente de Cuba liderou marchas de solidariedade com a Palestina em Havana e exigiu publicamente que “o genocídio acabe já.” Belize, Bolívia, Colômbia e Nicarágua cortaram relações diplomáticas com Israel, enquanto o Bahrein, Chade, Chile, Honduras, Jordânia, África do Sul e Turquia chamaram os seus embaixadores em Israel. E os Houthis no Iémen bloquearam o Mar Vermelho para impedir a passagem de navios ligados a Israel até ao fim da guerra em Gaza.

O tempo de tomar posição em relação a Israel já passou há muito. Ottawa precisa de tomar medidas reais e concretas, incluindo:

  • Sancionar todos os líderes e elementos das forças armadas israelitas responsáveis por crimes de guerra, incluindo – mas não se limitando ao – genocídio em curso em Gaza;
  • Impor um embargo de armas total e bidirecional a Israel, já;
  • Cancelar o Acordo de Comércio Livre Canadá-Israel e cessar todas as relações comerciais com Israel que mantenham ou contribuam para a ocupação;
  • Proibir que instituições de caridade canadianas financiem atividades associadas à ocupação israelita;
  • Reverter todas as ações que tenham demonizado e criminalizado a solidariedade com a Palestina, incluindo a revogação de todas as declarações e decisões que equiparem a crítica a Israel com o antissemitismo.

[Foto: Agência de Notícias Wafa]

Fonte: https://pvonline.ca/2025/07/25/the-time-for-statements-to-israel-has-long-passed/?utm_source=mailpoet&utm_medium=email&utm_campaign=the-latest-from-peoples-voice-3