Ekin Sönmez, membro do CC do Partido Comunista da Turquia
A cooperação de trabalhadores de diferentes países para um objetivo comum começou junto com o surgimento do capitalismo, a criação da classe trabalhadora moderna e seu confronto com a burguesia. Como modo de produção, em que a produção se socializou, o intercâmbio se universalizou, o capital se internacionalizou e se concentrou cada vez mais, o fim do capitalismo virá com a eliminação da contradição básica que o caracteriza.
O marco básico da luta das organizações revolucionárias pela tomada do poder em nome da classe trabalhadora são os países onde nasceram e a que pertencem. No entanto, a classe capitalista diversificou os mecanismos de seus ataques na era do imperialismo e desafiou o futuro da humanidade no marco internacional, juntamente com seus danos e devastações em seu próprio país. Organizar um contra-ataque internacional contra esta ameaça não contradiz a luta contra as classes burguesas de cada país, é uma necessidade indispensável. O internacionalismo proletário é extremamente contemporâneo nesse sentido.
Esta não é a única razão pela qual o internacionalismo é contemporâneo. Quase trinta anos se passaram desde o colapso do socialismo real. Hoje vemos claramente que esses trinta anos significaram perdas e deterioração não apenas para os povos das antigas terras soviéticas, mas também para todos os povos do mundo. Entendemos melhor as conquistas e valores do socialismo à medida que se aprofundam a contradição entre a riqueza crescente de um punhado de proprietários e as trágicas histórias de vida de bilhões de trabalhadores pobres. Torna-se mais clara hoje a importância desta luta por uma ordem social igualitária baseada na irmandade dos povos na classe.
A dissolução temporária do sistema socialista teve um efeito corrosivo sobre os partidos comunistas em termos de consciência de classe. A debilidade de um grande número de partidos para observar e analisar a dinâmica objetiva de uma perspectiva revolucionária e assumir a liderança na luta dos povos para transformar a sociedade, torna-se extremamente evidente; revoltas de massas permanecem “sem dono” ou retrocedem. É necessário reviver uma interação internacionalista entre os partidos da classe trabalhadora para pôr fim a essa debilidade.
Com base em todos esses requisitos, este artigo tem como objetivo relembrar a definição de internacionalismo e discutir alguns casos concretos de defesa do internacionalismo pelo Partido Comunista da Turquia.
O internacionalismo é apenas um apelo à solidariedade e à fraternidade?
O internacionalismo é um dos valores indispensáveis da luta de classes. Reduzi-lo a uma suposta solidariedade internacional apenas com slogans seria injusto com o acúmulo de 150 anos obtido pela classe trabalhadora em nome do internacionalismo, e significaria a retirada dessa luta. A tarefa dos partidos da classe trabalhadora não é “se contentar com o que existe” nem fazer demonstrações apolíticas e falsas de amizade sem qualquer conteúdo. Infelizmente, não são poucos os casos que reduzem o internacionalismo a esse nível, e é muito triste ver que às vezes esses casos podem se tornar caricaturas que dançam ao som do anticomunismo.
Essa sugestão não significa em absoluto a negação de que somos herdeiros de uma história universal entre os partidos da classe operária, nem de um vínculo de camaradagem na luta por um ideal comum, nem da importância de compartilhar um espírito comum.
O internacionalismo remete aos partidos de vanguarda algumas tarefas para a luta pelo estabelecimento de uma sociedade baseada na igualdade do proletariado mundial, uma vez que o cumprimento dessas tarefas se torna a sua razão de ser.
O argumento dos bolcheviques de que eles não deveriam apontar suas armas para seus irmãos de classe, mas para sua própria burguesia durante a Primeira Guerra Mundial, serviu a essa tarefa. Transformar a guerra imperialista em uma guerra civil com o objetivo de tomar o poder tornou-se uma das principais decisões que levaram à Revolução Bolchevique, o maior passo até agora para abolir a ordem exploradora em todo o mundo. Este foi um dos argumentos que abriram o caminho para o estabelecimento da Comintern, que surgiu para converter-se em um partido mundial logo após a Revolução de Outubro; portanto, Lênine falava da nova internacional dessa maneira, mesmo antes de seu estabelecimento. Organizadas no quadro de um programa revolucionário, as seções da Comintern encontraram sua resolução comum de lutar em seus próprios países contra o oportunismo, a social-democracia e o social-chauvinismo e a traição da Segunda Internacional. Ao comemorarmos o centenário do aniversário da fundação da Comintern, nós, os partidos que buscamos a revolução, devemos reavaliar novamente os resultados favoráveis e contrários de sua fundação.
Naturalmente, muitos fatores como as condições específicas de cada país, o nível geral de politização da classe trabalhadora, o ritmo e as condições concretas da luta, as tendências da burguesia no país e na ordem imperialista e se existe algum levante revolucionário determinarão a estratégia política e a tática do partido comunista que luta naquele país. O fato de tudo isso não coincidir completamente não significa necessariamente que os partidos revolucionários não atuarão em solidariedade internacionalista, pois tal fato não se poderia prever. Discutindo habilmente o que era ou não o internacionalismo no contexto da Primeira Guerra Mundial, Lênine apontou que, nesse aspecto, a autonomia dos diversos partidos está fora de dúvida. Da mesma maneira, as diferenças de escala ou a distância física entre eles não podem justificar a negação do internacionalismo.
No entanto, o internacionalismo não pode existir com uma suposta união de partidos que perderam suas características revolucionárias, de cujas análises de alguma forma emergem soluções favoráveis ao establishment, cujos programas se contradizem entre si quanto a estratégia, sem falar nas táticas. Se a fase imperialista é a fase mais elevada do capitalismo, se é a época das crises e das revoluções socialistas, o internacionalismo deve ter características anti-imperialistas; e talvez este futuro não esteja muito longe para que tenhamos que agir em ritmo acelerado e não podemos perder tempo com alianças não realistas. É claro que não se deve chegar a uma conclusão que omita laços e vínculos historicamente desenvolvidos; pelo contrário, necessitamos superar os limites para preencher tais alianças com um conteúdo real e tangível.
Entre as tarefas reais do TKP estão as seguintes questões, algumas das quais estão diretamente relacionadas ao internacionalismo.
Fraternidade em ambas as margens do Egeu
Não precisamos ir muito longe para o primeiro exemplo. Uma declaração conjunta assinada pelo KKE e pelo TKP dirigida às classes trabalhadoras de ambos os países mostra que o internacionalismo é a única arma contra o nacionalismo turco e grego e contra os sentimentos hostis dos povos entre si, que provaram sua utilidade como instrumento do imperialismo no Egeu e no Mediterrâneo. É a promessa dos comunistas de “não apontar suas armas para seus companheiros de classe” nos dois países capitalistas onde os governos colaboraram com o imperialismo ocidental e competiram entre si para serem seu aliado mais próximo; dois países que se tornaram membros da OTAN, a máquina de guerra do imperialismo. Mais do que um sinal comum de solidariedade, este é um chamado programático para abolir a barbárie capitalista. É um plano de ação internacional subscrito pelos partidos que interpretam os acontecimentos na região e no mundo à luz do marxismo-Leninismo.
“Nossos partidos dirigem-se aos povos dos dois países, aos povos da região, e os convocamos a reforçar a luta contra o sistema de exploração que gera crises, desemprego, pobreza, refugiados, degradação educacional-cultural, intervenções e guerras imperialistas. Fortalecer os esforços pela unidade de classe da classe trabalhadora, a aliança social com os oprimidos pelas camadas sociais monopolistas, desenvolver a luta de classes, a luta pelo poder dos trabalhadores, pelo socialismo, que em nossos dias é mais atual e necessário do que nunca“.
As linhas desta declaração fazem eco dos comunistas entre as tropas gregas que chamaram a negar-se a atirar em seus irmãos trabalhadores ao custo de perder a guerra, que foram arrastados ao outro lado do Mar Egeu para ocupar a Anatólia sob pressão da Grã-Bretanha, a principal potência imperialista em 1920. Recusar-se a atirar em terras estrangeiras contra outros povos é também defender a derrota da burguesia do próprio país e pelos interesses dos trabalhadores de todos os países. Isto é em si mesmo a compreensão dos bolcheviques do internacionalismo proletário. Ainda que esses comunistas tenham pago o preço com suas vidas, deixaram um legado revolucionário para os últimos cem anos.
A propaganda da declaração é uma luta política e ideológica contra a ideologia nacionalista hegemônica que pretende enfraquecer os trabalhadores e fazer retroceder a consciência de classe. A declaração apontava diretamente aos sentimentos nacionalistas da burguesia e, além disso, oferecia uma solução.
Internacionalismo, a solução de classe do problema do Chipre
A história de Chipre está repleta de provocações imperialistas devido à localização da ilha, seus recursos e sua importância estratégica em termos comerciais e militares. Os interesses dos monopólios internacionais provocaram diferenças étnicas e nacionais jogando uns contra os outros no Chipre, o que levou a tantas devastações, incluindo ações sangrentas, golpes e intervenções militares até hoje. A questão cipriota tornou-se “a matéria-prima permanente das políticas nacionalistas” tanto na Turquia quanto na Grécia e esse discurso colocou os povos uns contra os outros e sempre tem se convertido num pacificador útil para que a burguesia subjugue a classe trabalhadora.
Olhando a partir de hoje, a análise de um enfoque que tinha insuficiências em termos de internacionalismo poderia dar uma ideia da atitude que os partidos comunistas devem desenvolver. As abordagens da esquerda turca que defendiam a adoção do anti-imperialismo e do patriotismo na década de 1960, ao mesmo tempo em que defendiam uma intervenção no estado soberano de Chipre, é um exemplo em que o nacionalismo superava o internacionalismo. Essa coincidência temporária com a tese nacionalista da burguesia tornou-se uma atitude discutível em relação à luta pela paz e pelo internacionalismo proletário, embora fosse baseada em uma abordagem antiocidental. O que desempenhou um papel neste caso, quando os interesses nacionais se tornaram uma tese básica de um partido revolucionário socialista, pode ser a falta de um enfoque de classe em tais análises neste período. A crescente legitimidade dos movimentos anticoloniais, as lutas pela libertação nacional e pela independência nos anos 1960, durante a Guerra Fria, às vezes ofuscavam os antagonismos de classe. Na esquerda, a defesa do anti-imperialismo e do patriotismo no marco da luta pela emancipação da Turquia contra a opressão imperialista significava o uso da linguagem nacionalista da burguesia turca no tocante à questão cipriota. Esse mesmo período nos deixou o legado de uma das experiências políticas mais importantes da história da classe trabalhadora turca. Embora a questão de Chipre seja apenas uma parte dela, quando vista a partir de hoje, pode sugerir que uma abordagem diferente poderia ter sido desenvolvida.
Hoje, o Mediterrâneo oriental está mais cheio de provocações do que nunca. Estamos passando por um período em que os monopólios energéticos procuram moldar o uso dos recursos recém-descobertos para seus interesses, e os Estados imperialistas fazem planos de divisão oscilando entre alianças e disputas. É possível ver, ainda hoje, que esses planos representam grandes perigos para os povos da região. Praticando uma política externa sem princípios, jogando com as contradições entre os Estados imperialistas e agindo de forma extremamente pragmática para seus objetivos expansionistas, a burguesia turca encontra apoio para esses objetivos na ideologia nacionalista que aplica no país através de seu papel de “fiador” em Chipre. Não há nenhuma razão aparente para que qualquer conflito não se espalhe para a Turquia; e em tal conflito, o sangue dos trabalhadores, que as forças hegemônicas tentam convencer com a ilusão de “grande potência” através de teses nacionalistas, será derramado, a menos que organizem uma forte resistência contra esse conflito.
Devemos dizê-lo claramente com a coragem dos bolcheviques de um século atrás: para o Partido Comunista da Turquia, a defesa da independência e integridade de Chipre e do poder socialista dos trabalhadores de Chipre é uma responsabilidade fundamental. Como organização que luta contra as mãos sujas do imperialismo em toda a região, incluindo Chipre, e contra a burguesia turca que persegue sua própria parte, essa responsabilidade é muito mais do que mostrar solidariedade do exterior ou simplesmente apoiar uma demanda. O internacionalismo deve ser um elemento-chave da luta dos povos turco e cipriota contra o seu inimigo comum; deve definitivamente alicerçar-se numa base de classe e rejeitar todas as propostas de solução que impliquem a inclusão da burguesia, mais ou menos, em qualquer aspecto. Esta tese não contradiz o patriotismo, pois o imperialismo continua a ser uma ameaça para ambos os povos em ambos os países. É claro que esta luta deve envolver o fim da ocupação de Chipre sob o rótulo de “Estado Garantidor” e a abolição do sistema social que o permite. Deve implicar a expulsão do imperialismo da ilha, com todas as suas extensões, dos órgãos administrativos superiores, das bases militares e das forças, incluindo as das Nações Unidas.
Trabalhadores curdos e o TKP
A mudança da política externa do governo turco em favor do Ocidente e suas relações com o imperialismo após a Segunda Guerra Mundial significaram novos ajustes nos assuntos internos também. A burguesia paradoxalmente recorreu ao instrumento do nacionalismo ao mesmo tempo em que reforçava esse compromisso; não apenas os partidos de direita e o governo, mas também a social-democracia e a oposição pró ordem estabelecida usaram o nacionalismo. Um aspecto disso é a propaganda nacionalista contra curdos, armênios e gregos. Outro aspecto é a maior exploração dos trabalhadores curdos, pois esse fato sempre se manteve estável independentemente das tendências conjunturais da burguesia. O terceiro ponto é a supressão da esquerda que passava por um novo despertar, e o anticomunismo que permaneceu, inclusive depois que a União Soviética deixou de ser uma “ameaça”.
Não podemos argumentar que a Turquia é um caso completamente específico a este respeito. Em muitos países o nacionalismo está sendo promovido pelo imperialismo, organizações com ideologias nacionalistas/fascistas são apoiadas financeiramente, treinadas, manipuladas e armadas. As estruturas paramilitares do nacionalismo são excepcionalmente contrarrevolucionárias, e seus primeiros alvos são sempre pessoas de esquerda daquele país. Nesse sentido, o nacionalismo enfraquece a classe trabalhadora não apenas separando os povos uns dos outros, mas também minando as fontes intelectuais da luta socialista. No entanto, o que precisa ser enfatizado no caso da Turquia é que o nacionalismo anda de mãos dadas com o islamismo, e que essas duas ideologias reacionárias se promovem mutuamente, o que conduz conjuntamente a uma maior destruição do país.
Por outro lado, o movimento político curdo também usa outra versão do nacionalismo, uma vez que se tornou um dos elementos permanentes da política turca, como consequência tanto da dinâmica interna da Turquia quanto da ascensão da política de identidade em todo o mundo a partir da década de 1980. Deve ser caracterizado como um movimento burguês com as políticas que segue na Turquia e na região. Seu distanciamento da Resistência de Junho, que foi o maior levante popular contra o governo do AKP em 2013, seu desejo de incluir os EUA no processo de solução, sua disposição de desempenhar o papel de uma “ferramenta” para que o imperialismo americano possa operar na região, sua interação com as organizações representativas da classe capitalista turca e sua capacidade de reprimir os elementos de esquerda dentro do seu próprio movimento são os exemplos habituais de nacionalismo, que são de fato consistentes em si mesmos.
O TKP defende que a luta do povo trabalhador curdo por igualdade e liberdade pode ser alcançada não com base na identidade, mas na classe. Deste ponto de vista, não se deve esquecer que toda solidariedade internacionalista em nome da esquerda com o povo curdo, oprimido em termos econômicos, sociais e culturais, deve ser feito apoiando a luta independente da classe trabalhadora na Turquia e não os movimentos contaminados pelo nacionalismo.
Trabalhadores imigrantes e o internacionalismo
Forçados pelo imperialismo a abandonar seus países de origem, obrigados a imigrar sob ameaça de armas ou na ausência de alternativas econômicas, começando a vender sua mão de obra em outro país com status formal ou informal, os trabalhadores migrantes constituem hoje um por cento da população mundial.
A Turquia tem sido um dos países que mais recebeu imigrantes nos últimos anos; além disso, alega-se que o maior número de imigrantes vive na Turquia. Além de sua localização geográfica, o governo é o culpado por esse fato, pois é o principal responsável pelo deslocamento dos povos do Oriente Médio com a autorização que obteve da classe capitalista turca. Hoje, pelo menos 80% dos mais de 4 milhões de imigrantes vivem nas cidades. Mulheres, homens e crianças são obrigados a trabalhar em condições graves e precárias em setores de trabalho majoritariamente manuais quase sem nenhum poder de negociação. A burguesia é extremamente consequente, pois não oferece nenhuma projeção para a integração dessas pessoas; porque, caso contrário, seria muito doloroso lidar com as conclusões se esse estrato mais frustrado e sofredor da sociedade se emancipasse e tentasse obter direitos. Nesse sentido, a exploração do trabalhador imigrante é uma das fontes de mais-valia indispensável do capitalismo no século XXI. Ainda que vivam em guetos e áreas restritas, e embora emigrar do mesmo país e compartilhar uma identidade nacional comum lhes dê uma coesão inicial, uma base temporária para se protegerem, os destinos dos patrões e trabalhadores migrantes divergem rapidamente um do outro. Como os trabalhadores sírios constituem as camadas mais pobres do nosso país, ao mesmo tempo que estão expostos ao ódio dos cidadãos, tomados pelo medo de que “perdemos nossos empregos por causa deles”; segundo o informe do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento, em 2018, os 70 % de patrões sírios estão satisfeitos com sua renda e não querem voltar para seu país.
Agora, no oitavo ano da guerra liderada pelo imperialismo na Síria, podemos ver com segurança que os trabalhadores migrantes fazem parte da classe trabalhadora turca. O internacionalismo exige cooperar e lutar junto com os trabalhadores migrantes, tendo em mente que eles foram deslocados devido a uma guerra na qual a burguesia turca teve um papel direto e, portanto, estão sujeitos à exploração pela mesma burguesia.
O fato de que a classe burguesa foi a força motriz na criação da unidade nacional durante a fase inicial do capitalismo tinha fundamentos concretos de acordo com seus interesses de classe. Nas mãos da burguesia perdeu em pouco tempo suas características progressistas. O nacionalismo tornou-se um instrumento de divisão da classe trabalhadora em termos étnicos e nacionais, assimilando grupos minoritários com estereótipos e causando inimizade na maioria e aprofundando a exploração. Na política externa, serviu para colonizar outros povos e convencer a classe média de suas políticas opressivas e expansionistas. O nacionalismo sempre foi uma ideologia reacionária e anticomunista em todas as suas versões sem exceção, que corrompe a classe trabalhadora, fazendo com que tema sua própria sombra e se converta em inimiga de outros povos.
O mais importante, como os exemplos acima destacaram, o nacionalismo é o colaboracionismo de classe. Seja qual for o pretexto usado, seja paz, independência, desenvolvimento, etc., o nacionalismo não deve receber nenhum crédito. Amar a pátria não deve ser a desculpa para fazer compromissos que, no final, são a favor da burguesia. Os comunistas se engajam na política para transformar o país onde nasceram, vivem e produzem, e para libertá-lo do poder da burguesia. É isso que define seu amor pelo país, é isso que define seu patriotismo.
Hoje, a nação como um elemento da superestrutura não pode ter sucesso no que fez há dois séculos, está aquém para proporcionar unidade apesar dos antagonismos de classe. O internacionalismo é um dos instrumentos mais fortes e contemporâneos à nossa disposição para evitar uma maior destruição de trabalhadores, uma parte considerável dos quais são deslocados, desabrigados/sem terra ou se sentem “apátridas”, já que a superestrutura da nação definida sob o poder da burguesia não pode incluí-los, ou das massas perplexas pela demagogia nacionalista que se tornam soldados de infantaria de antagonismos irrealistas e não científicos.
O imperialismo está em crise. A classe burguesa e seus representantes políticos nacionais e internacionais desejam se desviar do impacto da crise, impondo o ônus à classe trabalhadora, pela força ou por outros meios. Está apenas nas mãos da classe trabalhadora e de sua vanguarda revolucionária neutralizar a influência dos partidos burgueses sobre os trabalhadores e não permitir que essa crise se transforme em uma crise total da humanidade. Os partidos comunistas devem preparar-se hoje mesmo sobre uma base internacionalista para reunir todas as forças para a batalha final que se aproxima, para os golpes mais eficazes nas áreas geográficas onde a crise pode conduzir a situações revolucionárias. Ser internacionalista deve fazer parte da identidade comunista. Toda a experiência que temos acumulada em nome do internacionalismo desde a fundação da Comintern deve converter-se num arsenal dos partidos bolcheviques da atualidade.