Universidades de todo o mundo cortam laços com a academia israelita

Boicotes em expansão e cortes de financiamento devido ao genocídio de palestinianos em Gaza ameaçam o setor de investigação de Israel, gerando receios de êxodo de cérebros e perda de bolsas financiadas pela UE.

Universidades e associações académicas em toda a Europa e América do Sul anunciaram a suspensão de cooperação com instituições israelitas, alegando o seu envolvimento no genocídio de palestinianos em Gaza, noticiou o The Guardian a 13 de setembro.

O Trinity College Dublin anunciou este verão o fim da colaboração com parceiros israelitas. Entretanto, a Universidade Federal do Ceará, no Brasil, já tinha cancelado no ano passado uma cimeira de inovação planeada com uma universidade israelita.
Medidas semelhantes foram anunciadas por instituições na Noruega, Bélgica e Espanha.

A Universidade de Amesterdão confirmou que vai terminar o intercâmbio de estudantes com a Universidade Hebraica de Jerusalém. A Associação Europeia de Antropólogos Sociais declarou igualmente que se recusará a cooperar com entidades israelitas e apelou aos seus membros para seguirem o mesmo caminho.

Stephanie Adam, da Campanha Palestina para o Boicote Académico e Cultural a Israel, afirmou que as instituições académicas israelitas são cúmplices do “regime israelita de décadas de ocupação militar, colonialismo de colonos, apartheid e agora genocídio”, acrescentando que existe “uma obrigação moral e legal para as universidades porem fim aos laços com universidades israelitas cúmplices”.

O historiador israelita Ilan Pappé contestou a ideia de que muitos académicos sejam solidários com os palestinianos.
“Se assim fosse, tê-los-ia visto entre as poucas centenas de israelitas corajosos que protestam contra a guerra porque é um genocídio, não porque não devolve os reféns… Estas universidades oferecem cursos e diplomas aos serviços secretos, à polícia e são órgãos do governo que oprimem diariamente os palestinianos”, acrescentou.

O laureado com o Prémio Nobel e ex-presidente da Royal Society, Venki Ramakrishnan, disse ter “sentimentos ambivalentes em relação aos boicotes”.
“Por um lado, a abordagem do governo israelita a Gaza tem sido profundamente desproporcionada, causando milhares de vítimas civis, incluindo crianças pequenas”, disse ao The Guardian.

No Reino Unido, França e Alemanha, poucas instituições tomaram medidas.
Um porta-voz da Universities UK afirmou: “Enquanto organismo representativo, a Universities UK tem uma posição pública de longa data de compromisso com a livre troca de ideias, independentemente da nacionalidade ou localização. Por isso, não apoiamos boicotes académicos generalizados, pois isso representaria uma violação da liberdade académica.”

Em Telavive, há receios de que investigadores abandonem Israel e não regressem, alimentando um “êxodo de cérebros” que já preocupa a área médica.

Ghassan Soleiman Abu Sittah, cirurgião britânico-palestiniano e reitor da Universidade de Glasgow, afirmou que estudantes e académicos em todo o Reino Unido têm pressionado por boicotes académicos a Israel, mas enfrentam bloqueios por parte dos órgãos dirigentes.
“A indignação moral face ao que os israelitas estão a fazer leva cada vez mais académicos a tomar decisões pessoais de não participar em projetos conjuntos com israelitas”, disse.

Fonte: https://thecradle.co/articles/universities-worldwide-sever-ties-with-israeli-academia

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Boicotes em expansão e cortes de financiamento devido ao genocídio de palestinianos em Gaza ameaçam o setor de investigação de Israel, gerando receios de êxodo de cérebros e perda de bolsas financiadas pela UE.

Universidades e associações académicas em toda a Europa e América do Sul anunciaram a suspensão de cooperação com instituições israelitas, alegando o seu envolvimento no genocídio de palestinianos em Gaza, noticiou o The Guardian a 13 de setembro.

O Trinity College Dublin anunciou este verão o fim da colaboração com parceiros israelitas. Entretanto, a Universidade Federal do Ceará, no Brasil, já tinha cancelado no ano passado uma cimeira de inovação planeada com uma universidade israelita.
Medidas semelhantes foram anunciadas por instituições na Noruega, Bélgica e Espanha.

A Universidade de Amesterdão confirmou que vai terminar o intercâmbio de estudantes com a Universidade Hebraica de Jerusalém. A Associação Europeia de Antropólogos Sociais declarou igualmente que se recusará a cooperar com entidades israelitas e apelou aos seus membros para seguirem o mesmo caminho.

Stephanie Adam, da Campanha Palestina para o Boicote Académico e Cultural a Israel, afirmou que as instituições académicas israelitas são cúmplices do “regime israelita de décadas de ocupação militar, colonialismo de colonos, apartheid e agora genocídio”, acrescentando que existe “uma obrigação moral e legal para as universidades porem fim aos laços com universidades israelitas cúmplices”.

O historiador israelita Ilan Pappé contestou a ideia de que muitos académicos sejam solidários com os palestinianos.
“Se assim fosse, tê-los-ia visto entre as poucas centenas de israelitas corajosos que protestam contra a guerra porque é um genocídio, não porque não devolve os reféns… Estas universidades oferecem cursos e diplomas aos serviços secretos, à polícia e são órgãos do governo que oprimem diariamente os palestinianos”, acrescentou.

O laureado com o Prémio Nobel e ex-presidente da Royal Society, Venki Ramakrishnan, disse ter “sentimentos ambivalentes em relação aos boicotes”.
“Por um lado, a abordagem do governo israelita a Gaza tem sido profundamente desproporcionada, causando milhares de vítimas civis, incluindo crianças pequenas”, disse ao The Guardian.

No Reino Unido, França e Alemanha, poucas instituições tomaram medidas.
Um porta-voz da Universities UK afirmou: “Enquanto organismo representativo, a Universities UK tem uma posição pública de longa data de compromisso com a livre troca de ideias, independentemente da nacionalidade ou localização. Por isso, não apoiamos boicotes académicos generalizados, pois isso representaria uma violação da liberdade académica.”

Em Telavive, há receios de que investigadores abandonem Israel e não regressem, alimentando um “êxodo de cérebros” que já preocupa a área médica.

Ghassan Soleiman Abu Sittah, cirurgião britânico-palestiniano e reitor da Universidade de Glasgow, afirmou que estudantes e académicos em todo o Reino Unido têm pressionado por boicotes académicos a Israel, mas enfrentam bloqueios por parte dos órgãos dirigentes.
“A indignação moral face ao que os israelitas estão a fazer leva cada vez mais académicos a tomar decisões pessoais de não participar em projetos conjuntos com israelitas”, disse.

Fonte: https://thecradle.co/articles/universities-worldwide-sever-ties-with-israeli-academia