15 de agosto de 2025

Em junho de 2025, o jovem Partido Comunista Revolucionário de França realizou o seu 2.º Congresso, num contexto de grave crise do capitalismo-imperialismo, tanto à escala mundial como no plano nacional.
No plano internacional, as guerras intermináveis multiplicam-se por todo o planeta, tendo como origem a intensificação dos confrontos interimperialistas pelo controlo dos monopólios e dos seus Estados sobre os recursos e mercados. É o caso, nomeadamente, da Ucrânia, transformada em presa a ser repartida pelas potências imperialistas russa, norte-americana e europeias, como demonstram as manobras encarniçadas de Trump (cimeira com Putin a 15 de agosto) e, por outro lado, dos governos da UE (reunião de 11 de agosto, em resposta à organização dessa cimeira).
O mesmo sucede no Médio Oriente, onde a política genocida e expansionista do Estado israelita em Gaza e na Cisjordânia, levada a cabo na mais completa impunidade, serve os interesses não apenas do seu aliado norte-americano, mas também de numerosos monopólios franceses, alemães e britânicos. Mesmo através das demonstrações teatrais de certos dirigentes europeus contra o governo Netanyahu, percebe-se a vontade de preservar os lucros obtidos, por exemplo, no Qatar, nos EAU ou na Arábia Saudita.
Entretanto, o número de conflitos inter e intra-estatais, muitas vezes silenciados pelos média, não para de crescer também em África (Sudão, Sahel, Congo…) e na Ásia (Myanmar, Paquistão, Camboja-Tailândia…). No total, em 2024, foi atingido o recorde de 61 conflitos em 36 países, e 2025 caminha para estabelecer um novo recorde nesta matéria.
Oitenta anos após Hiroshima e Nagasaki, a persistência do terror nuclear e a corrida armamentista generalizada nos Estados imperialistas revelam o caráter irremediavelmente bárbaro e desumano do regime capitalista. Perante isto, o nosso Partido lançou a campanha Pela Paz, intitulada: “Verbas para as necessidades do povo, não para a guerra!” .
A atualidade internacional lembra-nos também que as guerras são, para os imperialismos, um meio de prolongar as suas políticas hegemónicas ao serviço dos grandes monopólios. Exemplo disso é o “acordo UE-EUA” sobre tarifas alfandegárias, assinado a 27 de julho de 2025 entre Trump e Von der Leyen, que impõe 15% de taxas (em vez de 30%) sobre a maioria dos produtos europeus exportados para os Estados Unidos; em contrapartida, a UE compromete-se a comprar petróleo, gás e equipamento militar norte-americano no valor de 750 mil milhões de dólares, além de 600 mil milhões em novos investimentos. Este acordo não significa uma capitulação da UE, mas um arranjo que serve determinados setores — como a aeronáutica, a química, o automóvel e os recursos naturais — em detrimento de outros.
No plano nacional, o governo Bayrou prossegue a sua cruzada austeritária e antisocial. As medidas orçamentais anunciadas a 15 de julho de 2025, supostamente para poupar 44 mil milhões de euros, atacam prioritariamente o mundo do trabalho, os serviços públicos e a proteção social: congelamento das tabelas do IRS, das prestações sociais e das pensões em 2026; congelamento das despesas do Estado; não substituição de um em cada três funcionários aposentados; supressão de dois feriados; corte de 5,3 mil milhões de euros às autarquias; duplicação das taxas moderadoras; nova ofensiva contra o subsídio de desemprego (a 5.ª em 7 anos!), etc.
Mas, curiosamente, uma única rubrica tem aumento: mais 3,5 mil milhões de euros para o orçamento das Forças Armadas em 2026, já com 64 mil milhões previstos para 2027 (contra 32 mil milhões em 2017…).
Para distrair as atenções, algumas medidas de fachada são exibidas mediaticamente, como o suposto “acordo para o futuro da Nova Caledónia”, que em nada elimina a realidade colonial sobre o povo kanak; ou a agitação de Darmanin em torno do encarceramento de narcotraficantes na prisão de alta segurança de Vendin-le-Vieil, enquanto a sobrelotação prisional atinge níveis recorde e o abandono da juventude popular alimenta a economia paralela ligada ao tráfico de droga.
Perante tais ataques, a urgência é mais do que nunca a constituição de uma frente de lutas que organize e planeie as mobilizações, em vez de ações dispersas e do imobilismo sindical que hoje parece prevalecer.
As petições (como a contra a Lei Duplomb ou a da intersindical contra o Orçamento Bayrou), mesmo revelando a exasperação das vítimas destas medidas, não substituem as lutas operárias, únicas capazes de bloquear não “o país”, mas sim os lucros dos monopólios e das empresas, que estão na origem de toda política de um Estado capitalista.
Uma tal frente de mobilização exige, contudo, a reativação do sindicalismo de luta de classes, tal como outrora representado pela CGT, de forma a erguer um verdadeiro movimento popular contra o duplo inimigo de todos os trabalhadores e trabalhadoras: o patronato explorador e o seu Estado protetor dos monopólios!
Paralelamente, é urgente devolver à classe operária um Partido que ofereça uma perspetiva política às suas aspirações expressas nas lutas: o Partido comunista contemporâneo e leninista que o PCRF trabalha para construir, abrindo o caminho da revolução anticapitalista e socialista!
Fonte: https://www.pcrf-ic.fr/Quelle-perspective-pour-en-finir