Editorial

Prezado leitor, Prezada leitora,

Apresentamos a 11ª edição da “Revista Comunista Internacional” (RCI), que elaboramos e publicamos em meio à pandemia, em condições difíceis e sem precedentes para todos nós. Congratulamo-nos com o fato de que a RCI, embora forçada a adaptar alguns dos seus procedimentos, não tenha interrompido a sua ação e ter conseguido publicar este número.

Este ano foi aquele em que se manifestou a nova crise capitalista mundial sincronizada, cujos sinais, como a desaceleração das economias dos grandes países capitalistas, já se vislumbravam anteriormente, tendo a pandemia funcionado como um catalisador. Em condições de crise, há uma intensificação das rivalidades interimperialistas, inclusive a eclosão de guerras sangrentas (Síria, Donbass, Nagorno-Karabakh), bem como um enorme aumento dos problemas sociais causados à classe operária e a outras camadas populares pelo modo de produção capitalista. Em todos os países, há crescente descontentamento e os protestos dos trabalhadores estão sendo reprimidos pelas autoridades e, cada vez mais, pelo uso da polícia e das forças repressivas.

Hoje, a competição entre monopólios e Estados por vacinas e medicamentos contra a pandemia, bem como as trágicas deficiências e o colapso dos sistemas de saúde pública, mesmo nos países capitalistas mais avançados e poderosos, enfatizam ainda mais a atualidade do socialismo. O conceito de socialismo é inclusive mencionado por alguns analistas e políticos burgueses ou representantes do oportunismo. Mas é ao socialismo que eles estão se referindo? A verdade é que distorcem sua essência e apresentam como socialismo uma caricatura dele, ou seja, como um capitalismo modernizado e supostamente humano. Nas próprias fileiras do movimento comunista internacional existem forças poderosas, como as que têm origem no eurocomunismo ou no chamado “socialismo do século XXI”, que, citando “especificidades nacionais”, negam a existência de leis na luta para derrubar o capitalismo e construir o socialismo.

Os partidos que cooperam nos marcos da RCI consideram que a luta pelo socialismo tem leis, que foram descritas nas suas obras por Marx, Engels e Lenin e que se confirmam na experiência, tanto positiva como negativa, da construção do socialismo no século 20.

Assim sendo, quando comemoramos o 150º aniversário do nascimento de Lenin, o 200º aniversário do nascimento de Engels e o 140º aniversário de sua obra “Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico”, dedicamos esta edição da RCI às leis da revolução e da construção socialista.

Queremos aqui esclarecer que os Partidos Comunistas e Operários da RCI têm claramente em conta na sua atuação as especificidades nacionais, culturais, históricas, religiosas e outras existentes nos nossos países. Ao mesmo tempo, acreditamos que assim como a principal contradição entre o caráter social da produção e a apropriação individual de seus resultados persiste em todo o mundo capitalista, da mesma forma também existe em toda parte a implacável luta de classes entre o proletariado contemporâneo e a burguesia. Trata-se de uma luta que deve levar objetivamente à resolução da principal contradição com a derrubada revolucionária do capitalismo, a socialização dos meios de produção, o planejamento científico da economia e o poder operário, que os clássicos do socialismo científico definiram como a ditadura do proletariado.

Os artigos da presente edição 11 da RCI abordam essas considerações comuns, examinando uma série de questões a elas relacionadas, a saber:

  • O artigo do PCOR, intitulado “Contribuição de Lenin para o desenvolvimento dos ensinamentos de Marx e Engels sobre as leis gerais de transição para o socialismo em diferentes países“, destaca aspectos importantes do enriquecimento da teoria marxista da revolução proletária e da sua construção abordados pelo líder da Revolução de Outubro, VI Lênin.
  • A contribuição do Partido Comunista do México, intitulada “Os caminhos nacionais para o socialismo: o caminho das reformas, não o da revolução!”, destaca a luta permanente das forças revolucionárias contra as forças do oportunismo e da social-democracia.
  • Por sua vez, o artigo do PCTE, sob o título “Do eurocomunismo à participação no governo burguês“, apresenta criticamente o percurso da corrente oportunista eurocomunista através do exemplo da Espanha, até sua atual participação no governo burguês social-democrata.
  • O texto do Movimento Socialista do Cazaquistão (“O processo de construção socialista e nacional no Cazaquistão e na Ásia Central. Lições atuais.“) ressalta as dificuldades e conquistas dos povos durante a construção do socialismo nas condições específicas da Ásia Central e dá respostas às percepções burguesas e oportunistas.
  • O KKE (Partido Comunista da Grécia) apresenta o artigo intitulado “Que características terá o socialismo no século XXI?“, que se dedica a examinar criticamente a experiência soviética de construção socialista e apresentar conclusões fundamentais para o futuro, no contexto das possibilidades que oferece o desenvolvimento das forças produtivas e das novas tecnologias.
  • Já o texto do Partido Comunista da Turquia, intitulado “Os 100 anos de um partido que busca a revolução“, apresenta um breve panorama dos acontecimentos revolucionários do século XX, bem como os objetivos do imperialismo frente às forças revolucionárias e aponta os desafios atuais para o movimento comunista revolucionário contemporâneo.

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